Tupã - Sistema Online de Apoio a Eventos do CLAEC, Latinidades - Fórum Latino-Americano de Estudos Fronteiriços

Tamanho da fonte: 
Uma leitura do feminismo negro descolonial em Vaga Carne, de Grace Passô
Carolina Montebelo Barcelos

Última alteração: 16-12-2020

Resumo


O objetivo deste estudo é analisar a peça teatral Vaga carne, de Grace Passô, sob a perspectiva do feminismo descolonial negro. Apesar do foco ser no texto dramatúrgico, serão cotejados a encenação da peça e seu média-metragem, posto que no texto escrito só sabemos que a mulher da peça é negra no final, enquanto na sua encenação e filme a atriz é a própria Passô. A escrita dramatúrgica de Grace Passô está inserida no contexto do teatro contemporâneo de estrutura fragmentada, de um desejo de se falar do real, embora não necessariamente por meio de elementos do teatro realista, além da presença performativa do corpo no foco da ação. Grace Passô não só escreveu Vaga carne, como foi a atriz deste solo tanto no teatro quanto no filme. Atriz e dramaturga negra, Grace é representante do que Marcos Antônio Alexandre conceitua como teatro negro, sendo a negritude não só objeto da escrita como sujeito também, o que vai ao encontro da noção de lugar de fala, conforme explicado por Djamila Ribeiro. Sua escrita tem muito de sua vivência como mulher negra na sociedade racista e patriarcal, o que nos leva ao conceito de escrevivências de Conceição Evaristo. Além de abordar a questão relativa ao negro, a dramaturga também enseja uma escrita feminista, e ambos serão examinados neste estudo. Para fins de aporte teórico, são utilizados estudos de Jean-Pierre Ryngaert acerca do teatro contemporâneo e artigos de Walter Mignolo sobre descolonialidade e de María Lugones, Lélia Gonzalez e Ochi Curiel sobre feminismo negro e descolonial.


Referências


Referências

ALEXANDRE, Marcos Antônio. O teatro negro. In: _____. O teatro negro em perspectiva: dramaturgia e cena negra no Brasil e em Cuba. Rio de Janeiro: Malê, 2017. p. 27 – 36. (Capítulo de Livro)

ALVES JR., Ricardo (dir.). Vaga carne. Com Grace Passô. Embaúba filmes. 2020. Disponível para alugar em: https://embaubafilmes.com.br/locadora/vaga-carne/. (Filme em média metragem).

CURIEL, Ochi. Construindo metodologias feministas a partir do feminismo decolonial. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2020. p. 121 – 138. (Capítulo de Livro)

DALCASTAGNÈ, Regina. Imagens da mulher na narrativa brasileira. O eixo e a roda, Belo Horizonte, v. 15, p. 127 – 135, 2007. Disponível em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/o_eixo_ea_roda/article/view/3267. Acesso em 03 ago. 2020. (Artigo em Periódico Digital)

_____. Entre silêncios e estereótipos: relações raciais na literatura brasileira contemporânea. Estudos de literatura brasileira contemporânea, Brasília, n. 31, p. 87 - 110, 2008. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/9434.  Acesso em: 03 ago. 2020. (Artigo em Periódico Digital)

DIEGUES, Isabel; AZEVEDO; José Fernando Peixoto de; ABREU, Kil. Entrevista com Grace Passô. In: DIEGUES, Isabel; AZEVEDO; José Fernando Peixoto de; ABREU, Kil (Orgs.). Maratona de dramaturgia. Rio de Janeiro: Cobogó; Edições SESC: São Paulo, 2019. p. 103 – 116. (Capítulo de Livro)

EVARISTO, Conceição. Da construção de becos. In: EVARISTO, Conceição. Becos da memória. Rio de Janeiro: Pallas, 2017. p. 9 – 12. (Capítulo de Livro)

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2020. p. 38 – 51. (Capítulo de Livro)

LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 935 - 952, set./dez. 2014. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/36755/28577. Acesso em: 04 ago. 2020. (Artigo em Periódico Digital)

LUGONES, María. Colonialidade e gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org.). Pensamento feminista hoje:perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2020. p. 53 – 83. (Capítulo de Livro)

MIGNOLO, Walter. Desafios decoloniais hoje. Epistemologias do sul, Foz do Iguaçu, v. 1, n. 1, p. 12 – 32, p. 2017. (Artigo em Periódico Digital)

_____. Desobediência epistêmica: a opção decolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF, Niterói, n. 34, p. 287 – 324, 2008. Disponível em: http://www.cadernosdeletras.uff.br/joomla/images/stories/edicoes/34/traducao.pdf. Acesso em: 06 ago. 2020. (Artigo em Periódico Digital)

PASSÔ, Grace; DIAS, Kenia; NAIRA, Nadja; ALVES JR., Ricardo (criação). Vaga carne. Com Grace Passô. Espaço SESC, 2016. (Peça teatral).

_____. Vaga carne. Belo Horizonte: Editora Javali, 2018a. (Obra Completa)

_____.  Mata teu pai. Rio de Janeiro: Cobogó, 2018b. (Obra Completa)

_____; ABREU, Marcio; NAIRA, Nadja. Preto. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019. (Obra Completa)

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017. (Obra Completa)

RYNGAERT, Jean-Pierre. Ler o teatro contemporâneo. São Paulo: Martins Fontes, 1998. (Obra Completa)

 


Texto completo: PDF