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O continuum da invenção em Serafim Ponte Grande
Thaís Artoni Martins

Última alteração: 14-12-2020

Resumo


Walter Benjamin Benjamin (1987) põe em xeque a concepção linear do continuum tempo e da própria história. Nos capítulos “O Narrador”, “Experiência e Pobreza” e “Teses sobre o conceito de história”, o autor apresenta reflexões inovadoras a respeito dos conceitos de experiência, história, tempo e narração. Percebe-se no pensamento oswaldiano certa aproximação com esses conceitos, principalmente nos escritos que trabalham a antropofagia. Em 1933, Oswald de Andrade publica a obra Serafim Ponte Grande, nomeada pelo próprio autor como “romance-invenção”, uma obra fragmentária e experimental que questiona, por si só, propósitos de linearidade de tradição. Beatriz Azevedo (2018) coloca o questionamento “seria Oswald de Andrade um comedor do tempo?” (p. 35). Ao ler “comedor do tempo” entendemos que há uma relação entre a maneira como o autor entende o continuum temporal e o conceito de antropofagia, importante aspecto do pensamento Oswaldiano. Se o autor compreende “tempo/história” como algo não somente selvagem e fragmentário, mas também descontínuo e passível de deglutição, como ele propõe ou representa essa temporalidade em sua obra? Seria o próprio tempo uma invenção? De que forma, então, se daria esta invenção? Que relação tem ele com a quebra do continuum temporal e a quebra do relato histórico pré-determinado (BENJAMIN, 1987)? E de que maneira esta relação se evidencia na antropofagia que perpassa a obra? Verificamos, então, no presente estudo, de que maneira o pensamento oswaldiano, em especial expressado no romance-invenção Serafim Ponte Grande e no Manifesto Antropófago, dialoga com os conceitos propostos por Benjamin.


Referências


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