Última alteração: 16-12-2020
Resumo
Resumo
Este artigo se articula à pesquisa de Mestrado Profissional em Letras em andamento que trata dos saberes cotidianos de alunos ribeirinho-quilombola (PROFLETRAS/UFPA) e às ações de Iniciação Científica (PIBIC/UFPA) desenvolvidas em uma escola pública de comunidade ribeirinha-quilombola na Amazônia paraense. Consideramos que as práticas socioculturais que chegam à escola favorecem os diálogos com os aspectos curriculares ampliando o repertório e a circulação pelos gêneros discursivos (escritos e orais). Isso significa inserir também a tradição oral que constitui a comunidade. Tais saberes precisam ser mobilizados e valorizados nos contextos escolares. Por isso, o acesso aos meios tecnológicos digitais nas comunidades ribeirinhas-quilombolas poderia motivar e garantir condições para que os alunos permaneçam na escola nesta fase de pandemia. Isso poderia refletir garantias básicas constitucionais que propiciem uma educação democratizada e de qualidade. Nesse contexto, como garantir o direito à educação da comunidade do campo? Assim, objetivamos analisar como os estudos decoloniais auxiliam na formação crítica de professores, tendo em vista uma educação emancipatória. A metodologia leva em consideração o caráter bibliográfico abrindo para uma dimensão empírica desenvolvida a partir das discussões em reuniões remotas, webinários, em função do distanciamento social proveniente do período de pandemia. Optamos pelos estudos de Freire (1979;1989; 1996) Fernandes (1996); Arruda (2009); Anjos (2006), Alves (2014) e Walsh (2013) que cooperam para uma perspectiva que enfrente a colonialidade, posto que o pensamento decolonial propõe a valorização dos diferentes conhecimentos de maneira ética, estética visibilizando sujeitos diversos e não apenas os valorizados pela tradição eurocêntrica. Dessa maneira, formação inicial e continuada de docentes na Amazônia são problematizadas em prol do processo de ensino e aprendizagem dos alunos nos diálogos com o cotidiano ampliar as maneiras de se construir o conhecimento.
Palavras-chave: Práticas socioculturais; Ribeirinho-quilombola; Decolonialidade
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