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Dizer o indizível: o negro e a escravidão no discurso de viajantes argentinos ao Brasil
Lyanna Costa Carvalho

Última alteração: 14-12-2020

Resumo


Este trabalho discute as impressões do viajante argentino sobre a presença do negro e a escravidão no Brasil a partir dos relatos de Domingo Sarmiento (em três viagens na segunda metade do século XIX), Manuel Bernárdez (em crônicas que vão de 1908 a 1922) e Roberto Arlt (na série Aguafuertes sobre seus dois meses no Rio de Janeiro). Suas impressões dialogam com questões caras aos estudos culturais e pós-coloniais no contexto latino-americano: o papel da escrita no estabelecimento das relações de subalternidade; a imposição de um discurso moderno hegemônico em oposição a formas de conhecimento das comunidades tradicionais e sociedades colonizadas; a enunciação unilateral daqueles que têm voz sobre os que não têm. A escravidão, como instituição anacrônica, e a abolição tardia são um tabu para os novos tempos republicanos e para a imagem do Brasil que os argentinos querem desenhar. Ao mesmo tempo, o negro marginalizado e desterritorializado é parte indissociável da sociedade, e isso é evidente demais no cotidiano observado pelos viajantes. Como escrever sobre isso? O olhar do conquistador e do viajante como categorias e o conceito de alegoria em Walter Benjamin nos possibilitam evidenciar e compreender formatos de discursos e práticas que são apropriados para que relações de exploração e dominação se mantenham no contexto observado, conquistado.



Referências


ARLT, Roberto. Aguafuertes cariocas. Buenos Aires: Adriana Hidalgo, 2013.

 

ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas: Reflexões sobra a origem e a difusão do

nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

 

WALTER, Benjamin. Origem do Drama Barroco Alemão. São Paulo: Brasiliense, 1984.

 

MIGNOLO, Walter. La idea de América Latina: La herida colonial y la opción decolonial.

Trad. Silvia Jawerbaum e Julieta Barba. Barcelona: Gedisa, 2007.

 

SARMIENTO, Domingo Faustino. Viajes: edición crítica. FERNÁNDEZ, J. (coord). Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima: ALLCA XX, 1996.

 

SÜSSEKIND, Flora. O Brasil não é longe daqui: o narrador, a viagem. São Paulo:

Companhia das Letras, 1990.

 

TODOROV, Tzvetan. A conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins

Fontes, 2003.



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