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Viagem ao redor de Mama Gaia: relato de uma proposta curricular feminista e decolonial para o novo Ensino Médio em Goiás
Jordana Avelino Reis, Letícia Ferreira Guedes

Última alteração: 16-12-2020

Resumo


O relato de nossa experiência envolve a construção do novo documento curricular Etapa Ensino Médio do Estado de Goiás (DC-GOEM) via proposição da lei 13.415/2017, sobre a reforma do EM no Brasil. Os diversos estudos sobre o currículo, principalmente os pós-críticos, revelam que a seleção de conhecimentos a serem estudados na educação tornam o nosso ensino eurocêntrico, patriarcal, LGBTfóbico e racista. Essa reflexão nos mobilizou a propor algo diferente para Goiás. Elaboramos uma proposta de material que vai compor o novo Ensino Médio para o estado. Trata-se do Itinerário Formativo “Viagem ao redor de Mama Gaia”, isto é, uma trilha de formação e aprofundamento das áreas de conhecimento Ciências Humanas e Sociais aplicadas e Linguagens e suas Tecnologias, com práticas de estudo e trabalho contra-hegemônicos. Esse IF tem por objetivo dar visibilidade às figuras femininas em suas diversas identidades e compõe a parte flexível do novo EM. Nessa flexibilização, conforme lei da reforma educacional, estudantes terão autonomia e protagonismo para escolher qual trilha formativa desejam cursar. Estamos na etapa final de elaboração e homologação pelo Conselho Estadual de Educação em Goiás (CEE-GO). Contudo, até chegarmos nessa etapa, passamos por uma longa jornada de estudos, entraves e aprendizado sobre decolonialidade, feminismo, patriarcado, masculinidade tóxica, relações étnico-raciais e violência de gênero. Em consulta pública, alguns professores questionaram sobre o foco direcionado apenas às figuras femininas considerando que isso poderia excluir os homens e os estudantes não se interessariam. Ressaltamos no documento que essa temática envolve a todos, porque consideramos que a tratativa desses assuntos pode transformar as realidades sociais e educacionais de todos, e essas transformações passam por uma abordagem pós-crítica e decolonial na qual são mobilizadas práticas contra hegemônicas e de resistência para empoderar os jovens e toda comunidade escolar.


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