Este artigo apresenta como objetivo promover a reflexão sobre a libertação colonial a partir de duas obras selecionadas: Pedagogia do oprimido (1983) de Paulo Freire em relação com a sociologia crítica Boaventura de Souza Santos, Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências (2002). Nesta investigação desenvolvemos a hipótese de que a crítica ao hegemônico é fundamental nos processos de libertação, e que o pensamento pedagógico proposto por Freire é em si uma proposta anti-hegemônica. Por se tratar de uma pesquisa teórica, a metodologia se refere ao manejo de textos, conceitos e enunciados críticos. O método desenvolvido para a aproximação entre as linguagens de Freire e Santos consiste em uma perspectiva qualitativa e crítica dos textos selecionados através do diálogo de seus pontos chave, buscando similaridades entre elas. A breve reflexão teórica apresentada sintetiza alguns aspectos críticos fundamentais frente a construção do imaginário do mundo moderno/colonial e a construção de pensamento no hemisfério ocidental. A crítica à monocultura dos saberes é cada vez mais necessária, em um mundo aceleradamente globalizado. Após esta reflexão, percebemos que os processos de transformações sociais contra hegemônicos necessitam promover a crítica à linearidade e à exclusividade da razão estabelecida pela colonização ocidental. A problematização crítica questiona a naturalização hierárquica e dicotômica, bem como a concepção de um saber único absoluto e principalmente que se encontre fechado ao diálogo. Por fim, consideramos que apenas “esvaziar” a colonialidade do saber não é suficiente, precisamos criar novas possibilidades de pensar e agir que sejam congruentes com a ecologia de saberes.