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“Cunhataí” um romance da Guerra do Paraguai: entre os gritos e os silêncios na fronteira do Brasil com o Paraguai.
Zélia R. Nolasco

Última alteração: 14-12-2020

Resumo


A análise aqui proposta volta-se para uma visada nos acontecimentos históricos da Guerra do Paraguai, procurando resgatar o fato histórico não somente para concordar com a tradição, mas, também, para questionar os fatos veiculados. É um episódio importante, ocorrido na região de fronteira do Estado de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e requer sempre sua retomada. Pretende-se analisar no romance Cunhataí: um romance da Guerra do Paraguai (2003), da escritora Maria Filomena Lepecki que trata deste acontecimento, as fronteiras entre literatura e história. Na concepção de Linda Hutcheon (1991), estas novas normas do fazer literário divulgadas, principalmente, a partir da década de setenta, estão ligadas diretamente à estética da pós-modernidade.  Com isso, a análise aqui proposta propiciar-nos-á o conhecimento de um fato histórico importante para a região de fronteira e também, possibilitar-nos-á o conhecimento da cultura sul-mato-grossense veiculada na obra ficcional. Para Menton (1993), a ficção latino-americana surgiu como um subgênero de romance histórico, ficando conhecido como Novo Romance Histórico Latino-americano, segundo ele o Novo Romance caracteriza-se pela releitura crítica do passado, pela intertextualidade paródica ou dessacralizadora, revelando vozes silenciadas por contingências de gênero ou classe, entre outras. Maria Filomena B. Lepecki ao tratar da Guerra do Paraguai ou da Tríplice Aliança, como queiram, dialoga com a produção histórica ou cultural anterior,  fazendo com que as personagens históricas sejam encaixadas na história de vida das personagens fictícias, com as quais mantém diálogo e convivência, compartilhando momentos que as unem por laços de amizade, o que, de certo modo, constitui-se uma dessacralização da história contada e tomada como intertexto.

Palavras-chave: Fronteira; Literatura de fronteira; Literatura sul-mato-grossense.


Referências


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