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Escritas negras no Ensino de Espanhol: o que as escritoras afro-latinas têm a nos dizer?
Maria Elia dos Santos Teixeira de Carvalho

Última alteração: 14-12-2020

Resumo


Apesar de a maioria da população brasileira ser composta por negros, ainda vemos a baixa representação do protagonismo da cultura negra na literatura utilizada nas escolas, especialmente nas aulas de língua espanhola. Acreditamos que a democratização de acesso à produção da literatura afro-latina escrita por mulheres vai abrir caminhos para uma autorrepresentação de autoria, bem como de representatividade e identificação para os nossos discentes. Nesta vertente, este estudo tensiona, como via de problematização, a ausência de escritoras afro-latinas nas aulas de língua espanhola, em oposição à presença da literatura hegemónica de autoria branca, masculina e europeia. Sabemos que a decolonização do saber perpassa também em reivindicar o lugar da produção intelectual da ancestralidade trazendo para as universidades e os demais campos de produção do conhecimento as escritas femininas negras. Para esse estudo, propomos uma metodologia de cunho bibliográfico, com revisão do aporte teórico de livros, teses, artigos de periódicos, bem como, a análise de material didático. Através do levantamento e leitura dos materiais, buscamos subsídios para auxiliar em nossa discussão. A partir das leituras desenvolvidas, constatamos a importância de apresentar para nossos/as alunos/as as escritas negras femininas afro-latinas que, devido a um sistema excludente, de cunho racista, ficaram costumeiramente à margem das nossas práticas docentes. Nesta perspectiva, cremos que ao abordar, pautados na interculturalidade e nos estudos decoloniais, a literatura afrofeminina nas aulas de Espanhol, estamos possibilitando o acesso a uma produção intelectual que evoca novos lugares representativos para os/as afro-brasileiros/as, como forma de se vislumbrarem enquanto protagonistas de suas próprias histórias e não mais relegados aos papéis que os brancos lhes permitiram atuar. Para tanto, nossas discussões estão ancoradas em Nilma Lino Gomes (2017), Walter Mignolo (2017) e Conceição Evaristo (2008).

Palavras-Chave: Escrita afrofeminina; Afrocultura; Estudos decoloniais; Interculturalidade.


Referências


EVARISTO, Conceição. Literatura e educação segundo uma perspectiva afro-brasileira. In: EVARISTO, Conceição; SILVA, Denise (org.). Literatura, história, etnicidade e educação: estudos nos contextos afro-brasileiro, africano e da diáspora africana. Frederico Westphalen: URI, 2009. p. 30-45.

GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador. Saberes construídos na luta por emancipação. Petrópolis, RJ: vozes, 2017. p. 56 a 92.

 

MIGNOLO, Walter D. Desafios decoloniais hoje. Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu/PR, 2017, v. 1, n.1, p. 12-32.

 

SOARES, Mayana Rocha; FONTES, Ramon. Pedagogias transgressoras. Salvador: EDUFBA, 2019.


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