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Comunidades Ribeirinho-Quilombola: discussão, resistência e ensino em tempos de pandemia
Ecilia Braga de Oliveira, Luis Paulo Carvalho Monteiro, Isabel Cristina França Rodrigues, Zilca do Socorro Pontes Cristo, Driele Salazar Damasceno

Última alteração: 15-12-2020

Resumo


Este artigo parte da contribuição da pesquisa de mestrado profissional em letras de que trata dos saberes de alunos ribeirinho-quilombola (PROFLETRAS/UFPA) articulada ao Projeto de Iniciação Científica (PIBIC/UFPA) que vem sendo desenvolvido em uma escola pública em uma comunidade na Amazônia paraense. Consideramos que as práticas socioculturais que chegam à escola por intermédio do conhecimento dos alunos e na relação com o território que eles integram, favorece para o repertório linguístico e variado de lendas, contos, histórias de vida, além da prática de tradição oral, produzidas pelos falantes da comunidade. Tais saberes precisam ser mobilizados e valorizados nos contextos escolares e para além deles, por isso, atravessados no cotidiano ribeirinho: acesso aos meios tecnológicos nas comunidades isoladas, motivação para os alunos permanecerem na escola e garantias básicas constitucionais que propiciem uma educação humanizadora e de qualidade. Nesse contexto, como garantir o direito à educação da comunidade do campo? Assim, objetivamos analisar como os estudos decoloniais auxiliam na formação crítica de professores, tendo em vista uma educação emancipatória multicultural. Para em nossa metodologia, o texto tem caráter bibliográfico abrindo para uma dimensão empírica que vem sendo realizada a partir das discussões em reuniões remotas, lives, em função do distanciamento social proveniente do período de pandemia. Tivemos como pressupostos teóricos Freire (1979;1989; 1996) Fernandes (1996); Arruda (2009); Anjos (2006), Alves (2014), Walsh (2013) que cooperam para uma perspectiva que enfrente a colonialidade. O pensamento decolonial propõe a valorização dos diferentes conhecimentos de maneira ética, estética e que visibilize os sujeitos diversos e não apenas a tradição eurocêntrica favorecendo a formação inicial e continuada de docentes na Amazônia que criem condições para um processo de ensino e aprendizagem com o qual os alunos da educação básica possam se identificar e ampliar seus saberes.

Palavras-chave: Práticas socioculturais; Ribeirinho-quilombola; Decolonialidade.


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