Este artigo tem como objetivo refletir sobre a libertação colonial a partir de duas obras selecionadas: “Pedagogia do oprimido” ([1968]1984) de Paulo Freire (1921-1997), e “Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências” (2002) de Boaventura de Souza Santos (1941-). A investigação trabalha com a hipótese de que a crítica ao pensamento hegemônico é fundamental nos processos de libertação da submissão imposta historicamente pelos colonizadores, e que o pensamento pedagógico proposto por Freire é em si uma pedagogia contra hegemônica. Por se tratar de uma pesquisa teórica, a metodologia se refere ao manejo de textos, conceitos e enunciados críticos. O método desenvolvido para a aproximação entre as linguagens de Freire e Santos consiste em uma perspectiva qualitativa e crítica dos textos, colocando em diálogo os pontos chave destacados no estudo de ambos. A reflexão teórica apresentada sintetiza alguns aspectos críticos fundamentais frente a construção do imaginário do mundo moderno/colonial, e a construção de pensamento no hemisfério ocidental. A crítica à monocultura dos saberes é cada vez mais necessária em um mundo aceleradamente globalizado. Com esta reflexão, percebe-se que os processos de transformações sociais contra hegemônicos necessitam promover a crítica à linearidade e exclusividade da razão estabelecidos pela colonização ocidental européia. A problematização crítica questiona a naturalização hierárquica e dicotômica dos saberes e, em geral, da compreensão de mundo. Por fim, consideramos que, apenas “esvaziar” a colonialidade do saber não é suficiente, precisamos criar outras possibilidades de pensar e agir que sejam congruentes à ecologia de sabres.