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O ESPAÇO MISTICO-FANTÁSTICO: DO REGIONAL AO METROPOLITANDO NAS OBRAS PEDRA CANGA E A DANÇA DO JAGUAR DE TEREZA ALBUES
Julianna Alves Bahia, Jesuino Arvelino Pinto

Última alteração: 14-12-2020

Resumo


O propósito deste trabalho consiste em analisar o espaço marcadamente místico e fantástico nas obras Pedra Canga (1987) e A Dança do Jaguar (2000) de Tereza Albues, visando a apreender as formas de representação do gênero romanesco a partir de duas realidades, a matogrossense e estadunidense, mais especificamente, cuiabana e sanfranciscana. Ao tratarmos da narrativa de Tereza Albues, é necessário a distinção dos termos o estranho, o fantástico e o maravilhoso, conforme Tzvetan Todorov (1975). O suporte teórico deste trabalho abrange estudos que abordam os aspectos da literatura fantástica, como Todorov (1975), Rodrigues (1988) e Furtado (1980) e permeiam a relação Literatura, História, Política e Sociedade, perpassando pelas acepções de memória e identidade, como: Abdala Júnior (2007); Bastos (2007); Bosi (2013); Candido (1976), Cardoso (2016 e 2018), Hall (2006); Le Goff (2003) e Ricoeur (2007). A produção literária de Albues permite-nos evidenciar que a literatura pode servir como ferramenta de registro e manutenção dos costumes e tradições, uma vez que o discurso se materializa na oralidade e na escrita, enquanto forma de registro dos costumes e tradições dominantes que perpassam a História da evolução do homem como ser social. No que tange à formação da identidade cultural, a literatura traduz peculiaridades locais, manifestando os traços do momento histórico e da realidade social nela abordados. O conjunto da produção literária de Tereza Albues nega o dogmatismo e propõe uma dinâmica sempre de forma dialógica, não como um discurso da certeza, mas como o discurso da reflexão, no qual o homem cria e/ou recria seus ideários, imaginários, características e sentimento de pertencimento a uma coletividade.


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