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A narrativa como um espaço discursivo da identidade do migrante
Eliane Righi de Andrade

Última alteração: 14-12-2020

Resumo


Este estudo de natureza discursiva e interpretativa objetiva trabalhar com indícios da memória de migrantes que vivem no Brasil por meio de suas narrativas e como se dá a construção de suas identidades, as quais nomeamos como espaços híbridos e limiares, os quais evocam ambientes culturais e linguísticos que se dão “entrelugares” e “entrelínguas”, em que o sujeito se constitui nas relações com o outro. Buscamos, assim,  representações da identidade desse migrante que se deslocou para o Brasil por razões diversas e que vive num ser-estar entre línguas e culturas. Viver num país estrangeiro implica, ainda, a necessidade de se incluir em práticas sociais no lugar em que se encontra. Dessa forma, pretende-se discutir também as relações de poder que abarcam a construção das identidades, refletindo sobre os sistemas simbólicos que a constituem, as representações do outro, de sua língua e cultura, os estigmas que o cercam, bem como os espaços de resistência que se criam para sua sobrevivência. Para este trabalho, destacaremos do corpus de análise narrativas extraídas de reportagens especiais da Folha de S. Paulo com migrantes que vivem na cidade de São Paulo e de documentários disponíveis na plataforma digital Youtube, empreendendo uma análise de cunho discursivo sobre os recortes, que se organizam em eixos temáticos. Utilizamo-nos da Análise do Discurso de linha francesa como dispositivo metodológico para empreender gestos de interpretação sobre o material e partimos, teoricamente, dos estudos discursivos e pós-colonialistas, tomando a língua como uma prática intercultural que constitui a(s) identidade(s) do sujeito.  A partir da análise, podemos indiciar modos de se relacionar com o outro, de entender a singularidade e estrangeiridade que habita cada sujeito, de modo a (re)conhecer o outro como parte de nós, evocando outros olhares sobre o mundo e outras formas de se viver e existir.

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