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Gênero, raça e sexualidade no livro Bem-vindos ao paraíso, de Nicole Dennis-Benn
LIVIA VERENA CUNHA ROSARIO

Última alteração: 14-12-2020

Resumo


Uma garota de programa lésbica, pobre, negra, na Jamaica. Essa é Margot, a protagonista de Bem-vindos ao paraíso, livro de estreia de Nicole Dennis-Benn, publicado em 2018.  As ilhas do Caribe atraem turistas do mundo todo para os famosos resorts, que proporcionam luxo e conforto nesses destinos paradisíacos, cujos turistas são, majoritariamente homens brancos e ricos. Margot trabalha como recepcionista em um hotel de luxo, chamado Montego Bay, mas furtivamente é contratada por hóspedes como garota de programa. A irmã de Margot, Thandi, é uma adolescente em quem a mãe e a irmã depositam todas as esperanças de um futuro melhor. Ambas se esforçam para mandá-la a uma escola católica de elite – na qual Thandi é ora ignorada, ora zombada por ser a menina de pele mais escura por lá. Assim, a jovem recorre ao uso de cremes abrasivos para tentar clarear sua pele e assim sentir-se digna de atenção e afeto. Thandi evidencia o auto ódio de pessoas negras, isto é, ela materializa a não-aceitação de seu fenótipo, um dos efeitos nocivos do colonialismo na psique da população negra. O caminho de Margot também se cruza ao de Verdene, que sofre constantes ataques homofóbicos da comunidade e com quem Margot mantém um relacionamento amoroso em segredo. Portanto, enquanto oculta sua verdadeira orientação sexual, Margot também recorre à prostituição, em um contexto em que o turismo sexual  está fortemente vinculado à hipersexualização das mulheres negras. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo analisar o cruzamento dos marcadores gênero, raça e sexualidade nas personagens femininas do romance Bem-vindos ao paraíso, evidenciando os efeitos do colonialismo e racismo nas experiências de mulheres negras. Embora ficção, as personagens retratam dilemas contemporâneos e mostram como o paraíso, muitas vezes é o inferno para quem trabalha e vive nele.

 


Referências


BLAY, Yaba Amgborale. Skin Bleaching and Global White Supremacy. The Journal of Pan African Studies, v. 4, n. 04, p. 07-25, jun. 2011. Disponível em:  http://www.jpanafrican.org/docs/vol4no4/Editorial.pdf.

DENNIS-BENN, Nicole. Bem-vindos ao Paraíso. São Paulo: Editora Morro Branco, 2018.

REDDOCK, Rhoda. Men as Gendered Beings: The emergence of masculinity studies in the anglophone Caribbean. Social and Economic Studies, v. 52, n. 03, p. 89-117, set. 2003. Disponível em:  https://www.jstor.org/stable/pdf/27865342.pdf.

ROSÁRIO, Lívia Verena Cunha do. Interseccionalidade e Fronteira: mulheres negras migrantes na Amazônia Franco-Amapaense. 2019. 152 f. Dissertação (Mestrado em Estudos de Fronteiras) – Universidade Federal do Amapá, Macapá. 2019. Disponível em: https://www2.unifap.br/ppgef/files/2019/07/DISSERTA%C3%87%C3%83O-FINAL-L%C3%8DVIA.pdf.

WALKER, Alice.  If the Present Looks Like the Past, What Does the Future Look Like? In: Walker, Alice. Search of our Mothers' Gardens: Womanist Prose. New York: Harcourt Inc., 1982.


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