Última alteração: 27-12-2018
Resumo
Este trabalho tem como objetivo trazer à discussão a noção de escrita derivada da obra Últimas Aulas (2012, 2014), de autoria de Émile Benveniste, a fim de construir uma reflexão para o ensino de escrita na universidade. Para tanto, apresenta excertos de um relato de experiência, construído a partir das aulas observadas em uma disciplina de produção textual de uma universidade privada do sul do Brasil, de duas versões de texto produzidas por dois alunos e da interlocução entre a pesquisadora e os participantes da pesquisa. Esse relato é acrescido pela noção de escrita de alunos de uma universidade pública do sul do Brasil. A partir da confrontação dos dados, este estudo verifica em que medida cada uma das noções apresentadas articula-se com os princípios sobre escrita derivados do curso sobre escrita, integrante da obra Últimas Aulas de Benveniste. A análise coloca em evidência a compreensão de escrita orientada pelas formulações do linguista sírio, isto é, como sistema não linguístico, derivado da fala, engendrado pela língua, que requer a elaboração da linguagem interior do scriptor em função de um alocutário. Além disso, os resultados apontam a necessidade de se distinguir entre o que é da ordem da materialidade e o que é da ordem da mobilização, uma vez que o texto oral e o texto escrito são produtos que advém do ato, nos quais o professor pode intervir, enquanto a leitura, a escrita e a oralidade são atos que requerem que o professor mobilize a relação do aluno com sua própria escrita, o que só se efetiva pelo oferecimento àquele que escreve de um lugar de protagonista ao escrever.
Palavras-chave
Referências
BENVENISTE, Émile. Dernières Leçons. Paris: Editora Gallimard, 2012.
______________. Últimas aulas no Collège de France. São Paulo: ed. da UNESP, 2014.