Tupã - Sistema Online de Apoio a Eventos do CLAEC, I Encontro de Estudos Fronteiriços: línguas e literaturas na fronteira

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A MEMÓRIA E AS FRONTEIRAS DO IMAGINÁRIO NA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: SAAVEDRA, HATOUM E LISBOA
Ilse Maria da Rosa Vivian, Silvia Helena Pinto Niederauer

Última alteração: 27-12-2018

Resumo


Os resultados do percurso de investigação que apresentamos são oriundos do estudo da construção das imagens do homem na Literatura Brasileira. Nosso olhar volta-se para a produção literária contemporânea com o objetivo de, pelo viés da Teoria da Narrativa, dos Estudos Culturais e Pós-coloniais, de uma perspectiva fenomenológica, analisar o movimento de construção da memória e suas relações com as diásporas, constituinte que, em contraste com a produção literária anterior, revela-se como selo das narrativas produzidas recentemente no Brasil por um grupo de escritores, dentre eles, Milton Hatoum, Carola Saavedra e Adriana Lisboa. No percurso do trabalho confirmamos a hipótese de que a figuração do homem na obra brasileira contemporânea, ao problematizar a violência do passado e trazê-la à cena, carregando consigo a objetividade do presente e a perda do futuro, quando transgride fronteiras de tempo e de espaço, rompendo com a tradição do esquecimento, instaura um reordenamento ideológico que vai de encontro às antigas significações da colonialidade, por longo tempo tão perpetuadas no imaginário brasileiro. A seguir, focalizamos as condições desses sujeitos mediante o amplo quadro dos processos culturais de descolonização da América Latina, considerando que se esboçam na narrativa literária brasileira representações das complexas relações que, hoje, instauram-se pelas relações de poder, entre subjetividades, etnias, religiões e nacionalidades. Torna-se, assim, cada vez mais premente o conhecimento e a compreensão do que é rememorado e se integra na construção da alteridade, bem como a consequente prospecção instaurada por sujeitos que, ao lembrar, imaginam novos tempos e novos espaços, exteriorizando novas realidades. Nesse cenário, configura-se um homem histórico, que enunciando de lugares culturais híbridos, reivindica, ao invés do esquecimento da violência do passado, reação e reinvenção, como única maneira de reelaborar e conferir unidade a si mesmo, bem como encontrar seu lugar de pertencimento.


Palavras-chave


Memória, descolonização, Hatoum, Saavedra, Lisboa

Referências


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