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BORGES OU O MODO DE FALAR COMO UM MODO DE ESTAR NO MUNDO: EL HOMBRE DE LA ESQUINA ROSADA
Antônio Madalena Genz

Última alteração: 08-01-2019

Resumo


Apoiado nos trabalhos de Beatriz Sarlo e Ricardo Piglia, intento mostrar uma das principais características da escrita borgiana – a oralidade – e a forma como nosso autor a construiu em seus escritos não apenas a partir da leitura da literatura argentina, mas principalmente a partir das longas caminhadas de Borges pelos bairros e arrabaldes mais distantes de Buenos Aires. Essa oralidade da qual Piglia nos mostra o lugar no estilo de Borges, desde seus primeiros contos como “Hombre de la esquina rosada”. De acordo com Piglia, “Borges en cambio percibe a la gauchesca, por supuesto, antes que nada como un efecto de estilo, uma retórica, un modo de narrar. Aquello de que saber cómo habla um hombre, conocer una entonación, una voz, una sintaxis, es haber conocido um destino.”

Como Piglia destaca, através da oralidade, de um jeito de frasear as sentenças, Borges recria a figura do homem ligado ao culto à coragem, ao duelo, a ruptura com a lei. É isso, que Piglia caracteriza como “la gauchesca”, que Borges busca em suas andanças por Buenos Aires, que encontra nos bolichos, nos armazéns bizarramente pintados de rosa, uma tradição em que se imbricam um modo de falar, que é também um modo de estar no mundo, o encontro com uma tradição narrativa da qual se apropria e a partir da qual constrói e insere sua voz narrativa.


Referências


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