Tupã - Sistema Online de Apoio a Eventos do CLAEC, I Encontro de Estudos Fronteiriços: línguas e literaturas na fronteira

Tamanho da fonte: 
VESTÍGIOS MEMÓRIAS DE AFRICANIDADE: INTERCONEXÕES ENTRE O TRIÂNGULO ATLÂNTICO (11ª BIENAL DE ARTES VISUAIS DO MERCOSUL) E O ROMANCE PONCIÁ VICÊNCIO, DE CONCEIÇÃO EVARISTO
Tanira Rodrigues Soares

Última alteração: 04-01-2019

Resumo


O artigo abordará o conceito de vestígios memoriais, tendo por base os estudos de Zilá Bernd (2013) e Jeanne Marie Gagnebin (2009), e suas manifestações na 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul e no romance Ponciá Vicêncio (2003), de Conceição Evaristo. A temática da presença negra no Brasil, evidenciada no romance Ponciá Vicêncio, também foi destaque na 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, realizada de 06 de abril a 03 de junho de 2018, em Porto Alegre (RS). Ao enfocar o Triângulo do Atlântico, a 11ª Bienal apontou os holofotes para a importância da contribuição dos povos africanos e indígenas na colonização do Brasil, realizando uma releitura e demonstrando que os europeus não estavam sozinhos e o quanto essas populações foram desconsideradas e subjugadas em suas culturas. A população negra, brutalmente retirada do seu contexto, transportada para outro continente em condições sub-humanas e submetida à escravidão, tema da 11ª Bienal, dialoga com a narrativa de Conceição Evaristo, uma vez que imagens e linguagem literária permitem revelar vestígios, rastros, fragmentos de um passado de exploração dos povos africanos introduzidos no Brasil pelo regime escravocrata dos colonizadores. É importante mencionar que o ano de 2018 marca os 130 anos da abolição da escravatura brasileira, fato que não modificou de forma significativa o olhar direcionado à população negra, pois o racismo e o preconceito ainda persistem nas atitudes cotidianas e se refletem diretamente nas relações sociais, culturais e econômicas no contexto brasileiro. A bienal e o romance se tornam linguagens culturais acessíveis no presente e estão povoadas de vestígios e rastros capazes de fornecerem campo fértil para discussões a respeito da presença do negro como ser social e cultural, de inegáveis contribuições na construção da sociedade brasileira.

Palavras-chave


Vestígios memoriais; presença negra; Bienal; romance

Referências


ALVES, José Francisco (org.).  Bienal 11 – O Triângulo Atlântico: catálogo da 11ª Bienal do Mercosul. Porto Alegre: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul, 2018. (Catálogo em edição bilíngue: português e inglês.). Disponível em: <http://www.fundacaobienal.art.br/11bienal/public/pdfs/Catalogo-11-Bienal-Mercosul-2018.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2018.

BERND, Zilá Por uma estética dos vestígios memoriais: releitura da literatura contemporânea das Américas a partir dos rastros. Belo Horizonte, MG: Fino Traço, 2013.

_______. Vestígios/rastros memoriais. In: GONZÁLES, Elena C. Palmero; COSER, Stelamaris. Em torno da memória: conceitos e relações. Porto Alegre: Editora Letra 1, 2017. p. 375-382.

EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2003.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. 2.ed. São Paulo: Editora 34, 2009.

JORNAL DA UNIVERSIDADE – JU. Escritas de vida. Entrevista com Conceição Evaristo realizada por Vanessa Petuco. Ano XXI, nº. 2018, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, dezembro de 2017.


Texto completo: PDF