Última alteração: 27-12-2018
Resumo
A aproximação entre a narrativa literária e a História se estabelece, dentre outros pontos, entre as fronteiras discursivas que aproximam e, ao mesmo tempo, afastam esses dois discursos. Isto posto, objetivamos, nesse trabalho, analisar o conto “Documentário”, do ficcionista brasileiro Ivan Ângelo, publicado originalmente no livro A Festa (1976). A partir do eixo que imbrica ficção e História, o intento é investigar como a organização da linguagem – polifonia e fragmentação da forma – e o mote da criação literária – a Ditadura Militar – resgatam vozes históricas e, assim, promove uma leitura “a contrapelo” da História recente do Brasil. Ao mesclar a linguagem jornalística com a literária surge o tom polifônico e fragmentário da narrativa. Daí emerge uma poética que ressignifica as vozes silenciadas pela violência e pelo autoritarismo daquele período, estas que estariam condenadas ao esquecimento se não fossem resgatadas via narrativa. A fim de construirmos um dispositivo de análise para as questões supracitadas, revisitamos a concepção de Mikhail Bakhtin sobre polifonia e a teoria da narração de Walter Benjamin.
Palavras-chave
Referências
ÂNGELO, I. A Festa 12ª. ed. Rio de Janeiro: Geração Editorial, 2007.
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