Última alteração: 02-01-2021
Resumo
Busco com a reflexão que aqui apresento, evidenciar uma leitura crítico-biográfica fronteiriça, a partir do discurso transgressor evocado pelo escritor mineiro, Silviano Santiago, sobretudo em sua conceituação do entre-lugar do discurso latino-americano, que aponta para uma abertura ao debate pós-colonial podendo se relacionar com a desobediência epistêmica de Walter Mignolo. Observando que esse discurso se erige a partir da cultura marginal e dos corpos que acabam por se tornarem inconvenientes (SANTIAGO, 2019) frente às normas instituídas socialmente, fica nítido a partir de tais indícios, toda relevância de se erigir tal reflexão. Engendrando neste debate conceitual um pensamento outro, que leve em conta o bios e o lócus de onde se emerge esses discursos, incorporando assim o pensamento que emerge na, e partir da, fronteira e de meu próprio bios, da minha condição de pesquisador e homem negro. Depreendendo-se à uma reflexão que se paute na desobediência epistêmica (MIGNOLO) em relação ao conceito moderno que separa o corpo da produção de conhecimento, por meio de uma discussão à luz das conceituações de Edgar Cézar Nolasco em, Perto do coração selbaje da crítica fronteriza (2013), e de Walter Mignolo, em Histórias locais / projetos globais (2003), “Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade” (2017) e “A colonialidade está longe de ter sido superada, logo, a decolonialidade deve prosseguir” (2019), entre outras leituras que com essas se articulam. Com esse intento evidencia-se a importância de erigir leituras com base no pensamento fronteiriço, pois é nítido que a partir das inconveniências de corpos transgressores emergem vozes dissonantes como resistências políticas (SANTIAGO, 2019) em busca de (re)existirem, de modo que reforçam a urgência de se aprender a desaprender para assim reaprender de um modo outro.
Palavras-chave
Referências
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